domingo, 25 de julho de 2010

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ao som de Forasteiro - Thiago Pethit

Passava das nove da noite quando ele chegou, com seu cigarro e sua camisa xadrez inconfundíveis. Forasteiro, veio como uma onda em maré de março, revolvendo areia, destruindo muros, assustando pescadores, tragando-me pro fundo. Nesse mar eu não sabia mais nadar. Deixei meu corpo afundar, propositalmente. Senti o instante em que me afoguei na lembrança do seu cheiro, do seu beijo que eu não cheguei a conhecer. Desejei isso: afogar-me engolindo muito da sua água, seus fluídos se confundindo com os meus, ir morrendo aos poucos nesse amor que nunca há de existir.


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