segunda-feira, 23 de agosto de 2010

intuição

"Ler é libertar a palavra que estava enclausurada no papel

Palavras gostam de voar e ecoar o eco de seu pleno sentido sonoro"

a gaiola do som - wado e realismo fantástico

sábado, 7 de agosto de 2010

quase 30

Não foi a toa não, que nasci mineiro e cresci baiano. Mas do que poético isso fala da minha essência.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

23h56 ou Leo ésse

Chegou abrindo as portas do armário, as janelas. Libertando-me.

A luz invadiu o quarto, o colchão que mais tarde seria o nosso ninho de amor, durante dois verões e três invernos. Os meus cabelos penteados se tornaram revoltos, a bicha recalcada que era tornou-se militante, e hoje enfrenta homofóbicos.

Os poemas tão espalhados pelo chão, as fotos foram deletadas por acaso. Mas ainda estão guardadas as sensações daqueles dois anos e pouco.

O amor quando acontece não vai embora facilmente, nem quando o final do texto se anuncia.

Amor como esse permeia a existência daquele menino, que hoje, homem barba na cara se apaixona pelas bainhas das calças dos moleques libertário arianos.

Libertação pode ser um bom sinonimo para a relação daqueles dois, que começou numa noite de junho e que terminou há dois ano num show de uma cantora popular. Enquanto eles se beijavam, tocando os lábios pela ultima vez, as bichas ovacionavam a diva e tentavam invadir o palco.

Tá na memória da pele, tá registrado nas revista literárias. Amor como aquele talvez nunca mais aconteça na vida de nenhum dos dois.

domingo, 25 de julho de 2010

aqui



ao som de Forasteiro - Thiago Pethit

Passava das nove da noite quando ele chegou, com seu cigarro e sua camisa xadrez inconfundíveis. Forasteiro, veio como uma onda em maré de março, revolvendo areia, destruindo muros, assustando pescadores, tragando-me pro fundo. Nesse mar eu não sabia mais nadar. Deixei meu corpo afundar, propositalmente. Senti o instante em que me afoguei na lembrança do seu cheiro, do seu beijo que eu não cheguei a conhecer. Desejei isso: afogar-me engolindo muito da sua água, seus fluídos se confundindo com os meus, ir morrendo aos poucos nesse amor que nunca há de existir.


quinta-feira, 20 de maio de 2010

ao som de como 2 e 2

a sala tinha um quadro de van gogh pregado na altura dos nossos olhos quando estávamos sentados. as cadeiras eram de vime e confortáveis. ela sentou na minha frente e quis me ouvir. sim, ela era uma terapeuta e eu estava num consultório de psicoterapia; tinha cerca de dez anos que não voltava a um lugar como aquele. e me senti confortável e fui abrindo as caixas que guardava só pra mim, em meus bolsos, em meu intímo: caixas de diversos tamanhos, grandes, pequenas, coloridas, pretas.

é apenas o começo.


"Tudo é igual quando eu canto e sou mudo/ Mas eu não minto não minto/ Estou longe e perto

Sinto alegrias tristezas

e brinco."

segunda-feira, 10 de maio de 2010

deixe que a música invada sua casa e que o som deixe te levar pra outras paisagens, outras paragens. deixe que a lembrança invada sua cabeça permeie seu corpo e arrepie seus pelos.
aí foi assim: coloquei um disco do radiohead pra tocar no computador e passei horas lendo o livro da paula dip sobre o caio f. aí sentir uma falta da porra, como só os baianos saberiam dizer e sentir, falta de algo que nunca vivi.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Prece n.0

A prece(ado) come c(r)ú.

Prece n.365

Os sonhos durante o vôo vieram como alucinações. Se eu fosse astronauta talvez não durmisse uma só noite. Mas como saber se é dia ou se é noite sem ter os pés no chão?

Prece n.4 ou esse chopp que me transtorna transborda

Memória. Escrevo-me em silêncio no saguão do aeroportocéu desta que podia ser a citycitá maravilhosa mas não é. Seca, fria a noite. O cinza contrastando com os jardins laranjamarelos de sua esplanada. Silêncio. A caneta corre o papel. Quedê o romance, a orgia? Nada apenas o desejo e o chopp quente. Vai. Corre. Não perde o avião. Ele não tá aqui! Ele nem lembra mais o seu nome. Ipodfone memória molhando o papel. Arrepio. Nostalgia. Poetas nasceram para serem, para estarem sempre solitários em saguões cinzas de aeroportos. Dez milhões de vezes viveria isso novamente. Antes ficar fodido do que não ter vivido as noites, os encontros. Cruz encruzilhada fundante. Parto daqui para o meu nordeste sem o beijo que ele nuncamedeste. Pára. Pire. Foda. Finda.

Prece n.3

Foi com o ouvido na Baía que caminhei até a praça do relógio da satélite city. Lua. Cadê a luz própria? A city está ofuscada pelos holofotes dos meio século de pólis politicum politicagem. Polis brasileira nata erguida num descampado concreto sem cor. Onde ele foi parar na noite de sexta? Fiz cada um dos seus roteiros e nada. Provavelmente sentado fazendo fumaça numa agência de notícias do conic cone quadrado quadra super 712/912 sul frio que invade a casa enrolando o corpo no lençol. corpo frio gaivotas cigarros e nada dele em mim. Já fui, queria ter dito ontem. Disse ao léo não ao Téo. Me despedi silenciosamente da cidade estado brasiliana. Novas Brasílias em Salvador Velhas Brasílias dentro de mim pulsarão para sempre. Foto sensação memória. Voa volta casa casulo mochila concha. VOA VOE EVOA EVOÉ!

domingo, 25 de abril de 2010

Prece n.2 ou o menino, a máquina e a cidade brasiliana ou alucinações durante os 15 minutos finais.

E qto tempo falta para que o grito venha e assuste o povo pacato?

Pocotó cavalo arisco policial violento arma em punho, a ordem do dia: matar o verbo em nome da verba.

- Teje preso, esbravejou eloqüente

Mas a sala tava em silêncio e o menino piou:

- Vai ser guache carlinhosjuquinhaxandinho.

A festa dos 50 ainda não acabou, o dj ainda toca a valsa antiga que cheira a naftalina.

Tudo dominado o Rio a Baía e o Paulo cadê? Tá atrasado. A bolsa quebrou levou junto Bombaim e aquele deserto vermelho.

Por aqui é só concreto, gritou Oscar para o velho candangueiro que trocava a bandeira anunciando a alvorada no morro do conselho.

Aí o menino chegou com a máquina digital captou o instante e emoldurou com madeira de lei vinda da amazônia.

Rabiscos no caderno às 18:15

Tá tudo certo é a nova ordem ordinária que samba no terreiro mole pensamento solto livre sorridente Extraordinário o choro do moleque que não mamou logo cedo porque o sol não veio Saiu pra dançar na constelação e faltou o gás pra esquentar o café e o pão Aí ele chegou meio bêbado nublado e ninguém saiu para trabalhar ficou em casa na orgia dos pensamentos noturnos eternos porque não havia mais dia naquele dia que o certo deu a ordem e o erro saiu por aí errante poeta delirante.

Brasília, 25/04/10

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Téo e a gaivota

Há muito tempo que o mar não chega por essas bandas, nem os pássaros voam por esse céu. A cidade é cinza. Poesia concretista de um centenário arquiteto. Prédios suspensos, avenidas largas, eixões. Flor que rompe o asfalto. Flor cravada no cerrado.
Ele entrou no ônibus sem pressa, quase se confundindo com os outros passageiros - talvez mais um entre muitos milhões de passageiros dos ônibus que cruzam a cidade monumental. Téo, o seu nome, nos apresentamos entre um ponto e outro, entre uma informação e outra, entre uma sugestão e outra. - Vá lá no Conic, você vai gostar, ele disse. E eu fui, pra tomar uma cerveja gelada no centrão da cidade pulsante capital do país.

Corpo morgado, cabeça feita.

E logo na saída os olhos se encontraram novamente. Téo, camisa xadrez, cigarro na mão, fazendo fumaça na escapadinha que deu do trabalho. Eu queria dizer das gaivotas, das ondas dos mares que chegam lá na Baía. Das areias onde afundo meus pés. Ele queria falar dos espaços, das esquinas, das quadras. Eu queria convidá-lo pra um chopp. Ele queria que eu decorasse os números das ruas, os nomes dos bares de cerveja barata e farta. Entre um cigarro e outro, muitos quereres e um a gente se encontra por aí como despedida. Como se fosse fácil pra mim, homem estrangeiro, no meio daquela multidão achá-lo barbudo e livre novamente.

"Todos os encontros, todos os poemas, manda me avisar, manda me avisar"










Havia muito tempo que o mar não chegava por essas bandas, nem os pássaros voavam por esse céu.



segunda-feira, 5 de abril de 2010

queria escrever páginas e mais páginas sobre ontem mas a unica coisa que me lembro é do tempo, do sorriso e dos dedos dele emaranhados no meu cabelo enorme.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Cordel de despedida Assentamento Dom Mathias



“Minha vida é andar por esse País!
De Salvador para Itaberaba
De Itaberaba à Ipirá
Vindo ali pela Conceição
Para pousarmos no Ciatá.

Doze dias no assentamento
Passando em rio, riacho
Suando no sol a pino
Esperando o grande momento
De começarmos as Oficinas
De iniciarmos o Entrosamento

Passa boi, passa boiada
O carro cai até dentro d´água
Piaba vai de carona
Celular sai para nadar
E a força dos homi e das mulher forte
Não deixa o carro afundar (...)

Nessa história tem muitos personagens
Muita gente a agradecer
Se começasse pelo A
Demoraria um tantão até chegar ao Z.

Se gasolina fosse ouro
Nós não teria dinheiro para pagar
Tamanha quantidade que Janete
Teve que beber para funcionar (...)

Teve rabada, teve tripa,
Limão, leite e até homem pra empurrar
Janete, quando teimava empacar

E tudo isso vai deixar recordação,
Dos homi e das mulé
De todo esse sertão.
Vamo lembrar também da alegria
Das crianças e dos jovens Que folia!
E de todo aquele sambão
que fechou a primeira aula
Eita que emoção!

E no final dessa jornada
Aqui no Dom Mathias
O corpo ta moído
De tanto peso carregar

Entra em carro, saí de carro.
Acorda cedo, antes mesmo das galinhas,
Pro almoço preparar.
E os alunos, eita menino!
Vem de muito longe Para nos proporcioná
momentos de muita emoção
Que dentro desse “Cordel”
Nem mesmo vai dar

Uma hora, meia hora,
Nesse Sol a caminhar,
Atravessando rio,
passando em pasto,
Tudo isso para teatrar
Com esse povo raçudo
Que veio até o sertão
Compartilhar dessa arte
E um pouquinho revolucionar
Trocando em miúdos
E reinventando o Bê-a-Bá.

O tempo passa, o tempo Voa
E vamos chegando no finá.
Desse canto que é um resumo
Desse nosso caminhar
Que foi em passo junto
Assim coladinho
com esse povo especiá

Já nos Quarenta e Cinco
Vamos anunciando o grande finá
E com emoção nos despedimos
Porque amanhã logo cedo
Antes mesmo que amanheça
Colocamos o pé na estrada
Levando na cabeça
Muitas histórias com certeza
Dessa temporada pelo sertão

Somos o Grupo de Teatro Roda Moinho
Aqueles que no início não nos conheciam
Amanhã com certeza
se lembrarão”.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

20 DIAS NO SERTÃO

21/01/2010 - Primeiro dia

Partimos ontem às 07h30 da Rodoviária de Salvador em direção a Itaberaba, para pegarmos lá o carro que iamos utilizar durante a viagem: Jorge. A história do nome desse carro é engraçada: utilizado pelos assentados, o carro que se chamava Oggio (Marca Fiat) e de repente por não conseguirem falar o nome direito, ele foi rebatizado de Jorge e assim ficou.
Antes de chegarmos, Jorge tava na oficina. Passamos lá, pegamos ele mas na hora de partir ele não saiu do lugar. Mas Jorge!!!

O mecânico muito simpático, Berinho, nos emprestou o seu Fiat 147 e assim partimos para a feira para almoçarmos, tomarmos uma cerveja (a primeira de muitas durante a viagem) fizemos compras (muitas compras) e pé na estrada em direção a Ipirá. (cerca de 40 min de carro até lá).
Irreverente como somos, eu Flávia e Rosa, rebatizamos o carro de Berinho. Se havia um Jorge aquela seria a nossa Janete.

Janete deu alguns probleminhas na estrada. A marcha tava dificil de engatar e algumas vezes paramos na estrada. O caminho até a fazenda aonde iriamos durmir e aonde seria a nossa base, era lindo. Muitos cactos e um céu azul lindo.

Logo que chegamos já de tardinha, tiramos tudo do carro, respiramos um pouco e fomos até o Assentamento Dom Matias. Na estrada o pôr-do-sol foi extraordinário.

No assentamento encontramos com Silvano que sentou conosco para acertamos os ultimos detalhes para as oficinas. Ele nos contou algumas histórias sobre o assentamento. Eita povo resistente.

Na volta para a fazenda paramos nas Malvas, povoado próximo ao assentamento, para tomarmos umas cervejinhas. Pronto. Fomos o acontecimento da noite. O bar que tava vazio encheu de pessoas, entre homens mulheres e crianças. Rimos muito daquela situação.

O ponto alto da noite nas Malvas foi Rosa correndo para ver a cena da novela enquanto abasteciamos Janete. As mulheres que estavam no bar chegaram perto do balcão e ficaram junto com Rosa comentando a cena.

A saída do povoado foi coroada com muitos raios no horizonte. Os raios num céu escuro tem uma beleza muito mais intensa do que no céu da cidade cinza e poluída. As cores inclusive são muito mais nítidas do que em Salvador.

Chegamos em casa no Ciatá, jantamos e ficamos conversando sobre o dia. Estávamos exaustos e rapidamente fomos durmir.

Durmida muito boa. Um silêncio....

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

19/01/2010

Pronto. A mochila tá arrumada. Amanhã logo cedo tô de partida. De volta pro interior, pro sertão. O ano começou lá. Partir dessa vez tá melancolico, to aqui ouvindo um jazz, tomando uma cerveja pra diminuir tamanha ansiedade que véspera de viagem me dá.
Tudo tá na mochila, não tem nada faltando. Mas fica aquela sensação.
Vou escrevendo e me despedindo das coisas com a cabeça, pensando em cada pessoa. é sempre assim, viajar pra mim tem tom de despedida. Não vou apagar tudo isso, deixar pra ver mais tarde a agunstia que tô de viajar, de demorar de ir pro banho, de deitar na cama, de durmir.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

diário de hoje

05/01/2010

emaranhado há mais de uma semana no sertão de chão vermelho com lua nascendo no horizonte e um silêncio que dá pra ouvir até a própria respiração.