segunda-feira, 15 de junho de 2009

1130

silêncio. do lado de cá e do lado de lá. janelas fechadas aqui e lá fora a chuva vem mansinha fazendo a noite parar. e voltar a se mover até o limite da madrugada. acelerado, o ônibus passa pelas poças de água deixando a calçada encharcada. dentro do ônibus, um homem barbudo cantarola canções antigas, lê um livro: a odisséia em versos. ele não sabe de mim: o observo de longe. desejo-lhe. quero tocar-lhe a barba, sentir o cheiro do cangote, tocar-lhe os lábios. cantar os meus versos ao pé do seu ouvido.ele não sabe de mim obsceno: querendo roçar a minha barba na sua, deixando que ele me beije até o ponto final.
gôzo, chuva, sapatos molhados e corpos suados.