sábado, 7 de fevereiro de 2009

Bilhete para Juliana

(bilhete encontrado dentro daquele livro que cheira saudade)

Ju,

Ver o mundo a partir dos seus olhos é reparar o que há de vida em cada milimetro Que há vida no grão de areia da praia de areias brancas, indo e vindo ao sabor dos ventos e das marés. Que no silêncio da madrugada a vida pulsa humanizando todos os amantes e vagabundos que perambulam pelas ruas desertas. Quero ler-te mais, emaranhar-me nas suas linhas e singrar os mares que existem nesse sertão de onde você veio.
Um dia, uma flor apareceu nesse meu secreto jardim. As flores existem desde sempre nos jardins, mesmo antes de se mostrarem belas e cheirosas, assim como dentro de cada semente existe uma árvore. Acho, querida menina, que uma bela flor está brotando por aqui. Flor de cactús, que vem do sertão trazendo chuva e mais vida pra esse quintal. Já sinto de longe o cheiro da chuva na terra molhada e o cheiro dessa flor literária que rompe o asfalto.

"Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
" Drummond

Furando o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio. E transformando toda nossa rotina.

Dorme bem, Juliana. E não tenha medo de terminar os livros que começou a ler. Eles habitam dentro de ti desde que seus olhos passaram pelas primeiras linhas da primeira folha.
Ah! Deixa eu te contar um segredo: eu também gosto de sentir o cheiro dos livros novos. aí fico nas livrarias passando o dedo para sentir a textura da capa, folheando-os bem pertinho do rosto para sentir o ventinho feito e o cheiro das palavras e daquele mundo novo.

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