domingo, 8 de fevereiro de 2009

Corpocasa-cidadecinza-lembrançadoída




Àqueles que frequentam minha casa-corpo
Ao seu mais novo visitante, Diogo


Na manhã seguinte a sua partida não fez sol.
A cidade tingiu-se de cinza.
Engarrafou-se o trânsito, nenhum passo a diante.

Dentro do poeta a cidade chuvosa.

Havia o silêncio
(apenas interrompido pelas buzinas dos carros que tinham pressa de chegar ao seus destinos)

Havia a falta
do corpo juntocolado, esquentado do frio
da troca de carinhos

Sempre quando partiam na manhã seguinte,
o poeta se doía
doía bem lá dentro,
apertando o coração.

Essas eram as piores horas.
Quando acordava e
percebia que eles já não estavam mais.

Havia apenas toalhas molhadas,
latas de cerveja e garrafas de vinho
no canto da cozinha
E o perfume deles que permanecia no ar,
nos travesseiros,
nos lençóis
que embriagava as lembranças
e conduzia o poeta de novo ao sono.

Naquela manhã
a casa-corpo-casa do poeta
estava em suspensão
tentando desligar-se de todos, de tudo
mantendo-se por apenas um fio.

Mas a cidade cinza convocava-o
ao trabalho, ao cotidiano
E ele deixava-se ir.
Conduzido.
Saudoso daqueles que partem
levando-deixando uma parte de si
de nós.

Naquela manhã
o poeta fez desabrochar dentro de si
(no seu jardim mais secreto)
mais uma flor.
Linda, perfumada
Flor de MacaúbaSãopaulo
Flor Universal.

(01/12/08)

Nenhum comentário: