sábado, 18 de abril de 2009

entre um livro uma música entre umas e outras

a
chuva chuvou a roupa molhou a pele enrugou encausulou escureceu às cinco coração amolecido lágrima fugitiva pé de menino e menina na chuva tardinha que já vai noitinha sábado de jazz e jaz em casa enrolado no edredom caê cantarolando caio narrando dedos nervosos no teclado e os pingos que batem contra a janela da sala. 
o novo cd o novo livro o novo dia que virá depois da chuva quando as cigarras se calarem e as galinhas correrem sob o sol escaldante. 
ele cantará e repetirá o verso maldito das suas transcanções e ela desfilará nua pelas ruas da avenida sete sua transexualidade da cor da cidade viva que brota do esgoto lançado na boca do rio. ele e ela reinventarão o terceiro sexo que a pós modernidade dissolverá com uma nova teoria, juntos criarão uma nova língua suburbana extinguindo as mesóclises e os pronomes possessivos e de cima dos seus trios e palanques traduzirão a essa nova onda (que onda!) e conclamarão revoluções de dentro para fora - gozo democrático. 
rotações translações transmutações do lp do novissimo baiano aos sessenta e tanto jeans all star e gírias do morro  cigarro no dedo verbo solto cachaça no copo santo amaro cachoeira maragogipe.
o homem reinventado a mulher tesuda transando uma embaixo do chuveiro enquanto lá fora a cidade inunda e os morros desabam. o sexo o poema a palavra a língua colocando denotando detonando o dia de manhã que raiou as 04h59 de ontem. 
zii e zie do sinal fechado do vidro fechado das ong do morro da periferia do conselho tutelar dos meninos soltos pelas ruas. morangos mofados tudo mofado e essa chuva que não pára essa merda que não cheira esse gozo que não vem esse grito abafado perdeu perdeu perdeu maluco e a canção foi feita deixando o educador frustrado nessa noite de sábado que veio as cinco e vai até bem mais tarde entre um café e outro.
Tchau, mamãe 
Valeu

Nenhum comentário: